E agora?

Os anos permanecem passando...

Homem velho com a cabeça em suas mãos (No portão da eternidade)- Vincent van Gogh

Mais um ano.

Não na contagem do calendário civil, mas sim, na data de hoje, mais um ano se passa em meu calendário biológico de vida.

Mais de duas décadas, ao todo 23 anos vividos, e que mudou?

Nos últimos anos, a cada aniversário, costumo me ater a uma análise sólida de vida. Refletir sobre oque eu fui e o que sou.

Ano após ano me debruço sobre minha história e busco os detalhes que digam se evolui, regredi ou, pior, me acomodei.

O que me deixa mais perdido nessas análises anuais é que nunca é o mesmo Eliseu a analisar também.

Os meus anseios são outros, a minha ideia de "um homem melhor" também é outra, não posso dizer que sou o mesmo!

É belo entender que de fato não sou, em um ano meus tecidos, pele, fios de cabelo, unhas, tudo se renovou, seria o fim se isso tivesse acontecido com a carcaça, mas o espírito permanecesse o mesmo.

A cada ano, ou melhor, a cada dia me deito um indivíduo, e na manhã seguinte, anseio despertar alguém diferente.

Não nos princípios e fundamentos, mas sim nas ideias e nas atitudes.

A régua da evolução não pode ser o outro e sim o eu que adormeceu na noite anterior.

Se a cada dia eu buscar ser melhor do que fui, entre meus erros e acertos, ao final de mais um ano de vida, poderei talvez, ter um saldo positivo de evolução construtiva.

Um louco outrora disse que preferia ser uma metamorfose ambulante. Eu simpatizo dessa louca ideia!

Ai de mim se a cada manhã eu me tornar alguém mais repugnante que já sou.

Ai de mim se a cada dia eu me apegar mais as coisas materiais.

Ai de mim se todos os dias eu buscar correr atrás de mais esterco deste mundo.

Espero poder crescer, não na estatura com a idade, mas sim no conhecimento, só isso me libertará de quem sou, do vazio que carrego, do mal que posso praticar, dos vícios que me acorrentam.

Se eu puder um dia obter o conhecimento necessário para poder ser livre de fato, estarei realizado!

Enquanto não chego no objetivo almejado, permaneço, a cada passar de ano, analisando se ao menos um pedaço desse trajeto já fora percorrido por mim.

Hora retrocederei, hora correrei na direção certa, mas feliz estarei se, mesmo que a passos lentos, eu estiver indo na direção correta.

Espero um dia chegar lá, antes que a parcas cortem o fio que me resta de vida.